domingo, 15 de novembro de 2009

Saúde Mental



As enfermidades de origem mental, nunca foram nem são encaradas como uma qualquer doença física. Os sentimentos que alienação desperta constituem-se como bem diferentes dos provocados por uma qualquer doença somática. Até aos dias de hoje, a origem das doenças mentais, tem permanecido como algo inexplicável, ou seja, não há uma só teoria que explique a proveniência real desta doença. Facto este, que provoca uma resistência social, isolando certos atributos e qualificando os sujeitos doentes como indesejáveis, incómodos e anormais. Esta estigmatização predispõe a pessoa doente, não só a uma perda da sua identidade civil, mas também, a sujeita ao preconceito e consequentemente a leva ao isolamento social. Considera-se que também a família sofre com o processo de doença, pois os gastos, o desgaste físico e emocional, a reorganização do seu dia-a-dia e o preconceito da sociedade conduzem a um sofrimento silencioso por parte das mesmas. Desta forma, torna-se premente, que as acções dirigidas a estas famílias sofram uma reestruturação, permitindo que o estigma não intervenha com o crucial passo, isto é, a procura de ajuda.


É basilar destacar a indispensabilidade da elucidação junto de toda a comunidade sobre estas enfermidades, destacando os respectivos tratamentos e coadjuvando para que os preconceitos não se perpetuem na sociedade. O receio de procurar a ajuda e de falar sobre os seus próprios sintomas, constitui uma estratégia de sobrevivência pessoal dos doentes, prevenindo assim a sua segregação por parte da sociedade. O estigma, ao desencorajar a revelação de uma perturbação psiquiátrica, de algum modo, eterniza-a e conduz os indivíduos para um estado de desconforto.

Actualmente, sabe-se que se o doente reconhecer e aceitar a sua doença, pode mudar por completo o rumo da sua vida bem como o da sua família. O tratamento constitui um importante passo para a melhoria da qualidade de vida de ambos. Os “média” contribuem para aniquilar o estigma, promovendo o entendimento e educação popular acerca das doenças mentais, que devem ser encaradas do mesmo modo como se olha para as doenças físicas. Estas pessoas deverão ser julgadas pelos seus méritos próprios e não pela doença que sofrem e pelo estigma a que ele está associado. Neste sentido, são necessárias para além das intervenções realizadas junto de doentes e familiares/cuidadores, campanhas de sensibilização que envolvam a comunidade em geral e que procurem actuar numa perspectiva construtiva e pedagógica.

As recentes transmutações sociais colocam a Doença Mental, como a principal causa de morbilidade na nossa comunidade, de facto, esta apresenta diversas manifestações comportamentais, inexplicáveis receios e tristezas que provocam uma conduta desajustada relativamente ao pré-concebido “normal”. Torna-se fulcral salientar que esta realidade é diagnosticável, real e universal, pois caso contrário irá provocar não só, um enorme sofrimento como também, uma perda do papel social do indivíduo e sua família.

Enfrentar os mitos em relação à doença mental, romper os preconceitos, rótulos e estigmas contra quem padece deste tipo de problemas, constitui um desafio diário para cada um de nós. Por meio de um processo educativo, podemos possibilitar a consciencialização e a participação activa e transformadora no seu processo de integração social. Tal prática, focada no respeito, sensibilidade e compromisso autêntico, irá facilitar a procura de ajuda, a integração e a reabilitação do doente.

3 comentários:

  1. Gostei muito do que escreveste Girassol...
    Partilho da mesma opinião realmente deviamos apoiar mais os doentes que padecem destas doenças!!

    O que te levou a criar este blog?
    Cumprimentos André

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  2. Muito bem Girassol! Gostei muito deste texto!

    cumprimentos

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  3. Olá a todos os Girassois.
    Parabéns pela iniciativa. Claro que a saúde mental tem que ser valorizada. É importante vermos a nossa saúde pelo prisma da saúde não física. Como sabem está em cuso a reforma do sistema de prestação de cuidados de saúde mental em Portugal (ver em)

    http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/arquivo/2007/10/rcm+mental.htm

    Gostaria que acompanhassem a implementação do PNSM e dessem o vosso contributo enquanto pessoas interessadas pelas área da saúde mental.

    Luís Sá

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